Informe Final de Brasil: Análise dos resultados da pesquisa de campo em Minas Gerais: impactos da difusão do pacote tecnológico dos transgênicos na cultura do algodão em propriedades familiares
Abstract
A liberação do cultivo do algodão transgênico Bt de primeira geração no
Brasil a partir de 2005 deu um novo impulso a cotonicultura nas regiões tradicionais de
cultivo e favoreceu o crescimento da área plantada em áreas não tradicionais, como o
Centro-Oeste do país. Esta cultura teve uma retração acentuada no Brasil provocada por
dois principais motivos. O primeiro foram as infestações de pragas, principalmente o
bicudo, e segundo os níveis de preços reduzidos para a pluma da década de 90 que
combinados desmotivaram a produção desta cultura.
O advento da transgenia na cultura do algodão tornou-se uma opção para a
volta da cultura no Brasil, pois havia a possibilidade de diminuição dos tratos culturais
poupando assim mão-de-obra nesta atividade. A retomada da cotonicultura deu-se desta
forma com um novo padrão tecnológico com incorporação de modernas tecnologias,
representada pela utilização da semente certificada e em muitas regiões pela semente
pirata. A grande expectativa dos produtores rurais era a efetiva diminuição de mão-deobra
e de custos pela redução no número de aplicações.
Quanto a questão do bicudo salienta-se que a transgenia nas sementes BT e
RR do algodão não tem nenhum tipo de benefício detectado na pesquisa. Por isso,
observou-se que a questão de bicudo não é um fator chave para adoção desta tecnologia
na região pesquisada e pela dedução nas entrevistas feitas nas entidades da cadeia do
algodão nem mesmo para os grandes produtores este fator é relevante na adoção da
semente BT ou RR.
Neste contexto, a expectativa da introdução deste novo pacote tecnológico
era a redução de custos com elevação da rentabilidade da cultura. A adesão ao novo
padrão tecnológico pelos cotonicultores foi muito rápida, contribuindo para o aumento
das áreas plantadas em regiões em que não eram cultivadas, como o Centro-Oeste, uma
zona de fronteira. Entretanto, a maior parte das sementes utilizadas por estes grupos de
produtores é a semente pirata, advinda de uma reprodução em campos de sementes não
fiscalizadas e de importações ilegais, de países como a Argentina e Paraguai. Os pequenos produtores de algodão brasileiros devido à facilidade de
reprodução da tecnologia no setor agrícola reproduziram este mesmo modelo adotado
pelos grandes produtores. A adoção da semente pirata foi feita pela grande maioria, em
virtude do modelo de financiamento da atividade ser realizado por intermediários, que
entregam um pacote fechado para esses produtores.
Nas análises realizadas nesta pesquisa, foi constatado que o preço da
semente pirata entregue pelos intermediários era mais alto do que a semente fiscalizada
adquirida por um grupo específico de produtores organizados em torno de uma
cooperativa.
A polêmica quanto aos transgênicos e os poucos estudos feitos sobre a
adoção destes pacotes tecnológicos incentivaram este estudo que foi conduzido no
Brasil, na Argentina e no Paraguai. Este trabalho tem como objetivo fazer uma reflexão
das principais conclusões do estudo geral conduzido no Brasil e indicar as estratégias
para melhorar a capacidade de negociação e do sistema produtivo dos pequenos
produtores de algodão no Brasil. A região da pesquisa de campo mostrou-se rica pela
convivência de dois padrões distintos de organização: um desorganizado com a figura
do atravessador e outra com a presença de uma cooperativa.
As próximas seções descrevem o regime de ciência e tecnologia no Brasil,
as principais conclusões das análises feitas das entrevistas e oficinas realizadas no Norte
de Minas Gerais, indicando as alternativas para os grupos de produtores desta região.
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IDRC-Related Report
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Texto
Keywords
SMALL FARMERS, TRANSGENIC COTTON, SOCIOTECHNICAL CONFIGURATION, SCIENCE AND TECHNOLOGY POLICY, BRASIL, BRASIL--MINAS GERAIS, PEQUEÑOS AGRICULTORES, ALGODON, POLITICA DE CIENCIA Y TECNOLOGIA, ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS, PLANTAS TRANSGENICAS, REGULACION, BIOTECNOLOGIA