Abstract:
O desempenho do comércio exterior brasileiro e das exportações em particular foi bem
diferente nas duas últimas décadas. A primeira foi marcada por profundas mudanças
institucionais, refletindo a mudança no padrão de desenvolvimento da economia
brasileira, mas que, porém, conjugou baixo crescimento do PIB com fraco desempenho
das exportações. Já a presente década, em contraste, se caracterizou por altas taxas de
crescimento da produção e do comércio exterior, em um contexto de forte dinamismo
do comércio internacional.
Para a indústria nacional as mudanças descritas acima se refletiram em uma redução
do apoio estatal, em uma exposição sem precedentes à concorrência internacional e em
forte crescimento de suas exportações. Ao mesmo tempo, constata-se que as atividades
industriais vêm perdendo espaço no PIB desde o final dos anos 80 e que, dentre as
atividades industriais, aquelas intensivas em recursos naturais têm ganhado importância.
As discussões descritas, embora tenham uma natureza macroeconômica, sugerem que
diferentes especializações têm impactos diferenciados sobre o desenvolvimento de um
país, chamando a atenção para a relevância de aspectos microeconômicos na análise das
exportações. No presente trabalho, procedemos a uma análise microeconômica e para
tal analisaremos as conseqüências das exportações em termos de efeito dinamizador
sobre a economia (através do exame dos efeitos de encadeamento produtivo das
exportações) e também seus efeitos sobre o emprego. Adicionalmente, buscou-se avaliar
a evolução das políticas de incentivo e promoção às exportações. Essa análise é feita em
dois tempos: em um primeiro momento, se faz uma análise dos temas mencionados para
todos os setores agrícolas e industriais; em um segundo momento, detalhamos tal
análise para dois setores: alimentos e automobilística.